Sep
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Já não era sem tempo!!!! Zeca Pagodinho, o artista que praticamente se confunde com o significado da palavra samba, acaba de ganhar sua caixa especial, lançada pela Universal Music. “Zeca Pagodinho – Partido Alto” é um box de luxo com a coleção de 17 discos da carreira do artista, duas compilações e, o melhor, um CD inédito, em que Zeca interpreta clássicos da MPB.
“Com passo de MPB”, o disco inédito, já stá em pré-vendas no iTunes! Garanta o seu clicando aqui!
Saiba mais sobre a #CaixaDoZeca:
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Universal Music lança primeira caixa com
obra de Zeca Pagodinho, “Partido Alto”
Box reúne 20 títulos, entre gravações do final dos anos 80, até o álbum comemorativo dos 30 anos da carreira do artista em 2013, incluindo ainda um álbum extra onde Zeca Pagodinho flerta com a MPB
“Só posso levantar as mãos pro céu, agradecer e ser fiel ao destino que Deus me deu”, costuma repetir Zeca Pagodinho desde que gravou os versos de Serginho Meriti e Eri do Cais, Deixa a vida me levar. Repetir em forma de música, é bom frisar. Pois agradecer é o que ele gosta de fazer desde que, nos idos de 1983, depois de muito observar aquele cara franzino que andava sempre com uma sacola de supermercado na mão, Beth Carvalho gravou uma composição sua. O título, aliás, não poderia ser mais representativo: Camarão que dorme a onda leva, uma parceria com Arlindo Cruz e Beto Sem Braço.
Esperto como o camarão, Zeca nunca se deixou levar pela onda do sucesso. E, assim como a madrinha, aprendeu a ficar de olhos e ouvidos sempre abertos, atento a toda e qualquer figura que chegasse junto para lhe mostrar uma canção. Por isso, ao longo de mais de três décadas de carreira, firmou-se não apenas como cantor carismático e compositor inspirado, mas também como descobridor de talentos. Não foram poucos os nomes que ele conheceu nos fundos de quintais do subúrbio carioca e transformou em autores profissionais. Uma lista tão recheada que é injusto citar apenas alguns.
No box que reúne toda a discografia do artista na gravadora Universal Music, onde estreou em meados dos anos 1990, e ainda inclui três álbuns de sua passagem pela BMG, escolhidos por ele mesmo, todas essas facetas estão bem ilustradas. De Jeito Moleque, de 1988, a 30 Anos – Vida que Segue, de 2013, boa parte dessa trajetória é passada a limpo, sublinhando seu talento para transformar o que grava em clássico instantâneo. De músicas românticas às impagáveis crônicas do cotidiano. Não é por acaso que seu nome figura entre os mais populares do país.
São, ao todo, 20 álbuns, incluindo discos de carreira, projetos ao vivo, duas coletâneas especiais e o CD bônus Zeca Com Passo de MPB. Dos tempos da BMG, onde permaneceu de 1988 a 1993, ele pinçou, além do citado Jeito Moleque, Boêmio Feliz e Mania da Gente. E é curioso observar como os títulos representam algumas das características mais marcantes do artista. A partir da estreia na Universal Music, com o disco Samba pras Moças, de 1995, o som de Pagodinho recebeu uma roupagem mais sofisticada. Mas sem deixar os personagens simples das ruas do Rio de Janeiro perderem suas características. Essa foi sua grande sacada.
“E aos trancos e barrancos, lá vou eu / E sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu”, segue Zeca, cantarolando a música que virou uma espécie de cartão de visitas. Assim, gente de todas as classes e idades aprende com ele o jeito Deixa a vida me levar de ser e tudo fica mais leve.
Títulos de “Partido Alto“ – Zeca Pagodinho (20 álbuns)
1. Jeito Moleque (1988 – BMG/Sony Music)
2. Boêmio Feliz (1989 – BMG/Sony Music)
3. Mania da Gente (1990 – BMG/Sony Music)
4. Samba pras Moças (1995 – Universal Music)
5. Deixa Clarear (1996 – Universal Music)
6. Hoje é Dia de Festa (1997 – Universal Music)
7. Zeca Pagodinho (1998 – Universal Music)
8. Zeca Pagodinho ao Vivo (1999 – Universal Music)
9. Juras de Amor (compilação romântica anos 90 – Universal Music)
10. Água da Minha Sede (2000 – Universal Music)
11. Deixa a Vida me Levar (2002 – Universal Music)
12. Zeca Pagodinho – Acústico (2003 – Universal Music)
13. À Vera (2005 – Universal Music)
14. Acústico Zeca Pagodinho ll – Gafieira (2006 – Universal Music)
15. Uma Prova de Amor (2008 – Universal Music)
16. Especial Zeca Pagodinho – Uma Prova de Amor ao Vivo (2009 – Universal Music)
17. Vida da Minha Vida – (2010 – Vida da Minha Vida)
18. Zeca Pagodinho ao Vivo com os Amigos (compilação duetos – Universal Music)
19. Multishow ao Vivo 30 Anos – Vida que Segue (2013 – Universal Music)
20. Com Passo de MPB – (compilação inédita – Universal Music)
Álbum bônus “Com Passo de MPB”
Zeca pode ter adotado o Pagodinho como sobrenome artístico, mas sua produção nunca deixou de ser MPB. Afinal, é música, é popular, é brasileira. Mas na seleção feita para o disco-bônus Com Passo de MPB, ele é flagrado exclusivamente como intérprete, cantando de João Bosco a Roberto e Erasmo, de Dorival Caymmi a Braguinha. E acompanhado por nomes que vão de Hebe Camargo a Elba Ramalho, passando – claro – pela madrinha Beth Carvalho.
Uma das primeiras composições de Chico Buarque, feita em 1965, A Rita cai no molejo do sambista, em gravação feita para a série de songbooks do compositor, capitaneada pelo saudoso Almir Chediak. Da mesma leva, também sai uma Feijoada Completa, gravada em dueto com outro Almir, o Guineto. Já em Mulher Faladeira, de Hermínio Bello de Carvalho, Maurício Carrilho e Maurício Tapajós, é a vez de Chico dividir o microfone com Zeca. A faixa foi pinçada do disco Timoneiro, que celebrou os 70 anos de Hermínio.
E festa, todos sabem, é com ele mesmo. Tanto que, ao comemorar duas décadas de carreira com o disco 20 Anos ao Vivo, em 1999, Joanna o chamou para cantar Olerê Olará (Se Duvidas), da lavra de Nelson Ruffino, autor – nunca é demais lembrar – do hit Verdade. A saudosa Hebe também contou com a animação de Zeca no CD Como é Grande o Meu Amor por Vocês, de 2001. A música escolhida foi Papel de Pão, de Cristiano Fagundes.
Ao ser convocado para o disco Erasmo Carlos Convida – Volume II, o intérprete não se fez de rogado diante do Tremendão: transformou Cama e Mesa em um pagodinho esperto. Já Elba Ramalho foi a responsável por levá-lo para o universo de Luiz Gonzaga, com O Xamego da Guiomar. Para a trilha do Sítio do Picapau Amarelo, na versão de 2001, coube ao sambista reviver a história da Tia Nastácia, de Dorival Caymmi. O mesmo Caymmi, aliás, é autor de Vou Ver Juliana, um animado dueto de Zeca com Nana, extraído do CD Desejo, um dos mais elogiados da cantora.
O mestre Cartola é outro nome forte na coletânea. De 1988, Minha representa uma de suas primeiras participações em projetos especiais, no caso o disco Cartola – Bate Outra Vez, que reuniu nomes como Caetano Veloso, Gal Costa e Cazuza. Registrada 25 anos depois para o CD Um Barzinho, Um Violão – Novelas Anos 80 (Volume 1), a faixa Corra e Olhe o Céu (em parceria com Dalmo Castello) prova que a afinidade de Zeca com o universo do mangueirense só aumentou. E, entre as duas gravações, ainda houve a dobradinha com Cauby Peixoto em 2001 para registrar Festa da Vinda, de Cartola e Nuno Veloso.
Na boa companhia da madrinha Beth Carvalho, ele homenageia outro célebre nome da verde-e-rosa, Nelson Cavaquinho, no medley Nem Todos São Amigos / Dona Carola. E com o afilhado Diogo Nogueira, divide Quem Vai Chorar Sou Eu, música de Serginho Meriti e Rodrigo Leite que abre o disco Mais Amor, lançado pelo filho de João Nogueira em 2013.
Reconhecido desde sempre como grande intérprete, Zeca Pagodinho também integrou o elenco de outros songbooks idealizados por Almir Chediak, passeando por universos tão distintos como os de Braguinha (com a gravação de Linda Mimi) e de João Bosco (com Boca de Sapo). Os dois registros estão entre os bons achados dessa coletânea.
Zeca ainda revisitou duas músicas de seu segundo disco, Patota de Cosme (de 1987), em números especiais. Maneiras, de Sylvio da Silva, reaparece no entrosado encontro com O Rappa, do CD O Silêncio Q Precede o Esporro, que o grupo liderado por Falcão lançou em 2003. E a deliciosa Tempo de Don Don, de Nei Lopes, ganhou releitura no CD Um Barzinho, Um Violão – Novelas Anos 80 (Volume 2). No compasso da MPB, Zeca sempre esteve muito à vontade.
Por Cleodon Coelho
Setembro / 2015